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O vinho no Brasil: trajetória iniciada com Cabral


Você sabe como o vinho atingiu o status que tem hoje no Brasil? Conhece os personagens dessa história? A bebida, que nos últimos 50 anos é de acesso mais democrático, com opções para todos os gostos e orçamentos, já teve fama de ser restrita à elite do país.

 

Segundo registros da história do vinho, a bebida dava ânimo aos tripulantes nas longas travessias do Colonialismo e era servida nas missas rezadas no trajeto. O vinho escolhido para a viagem ao Brasil foi comprada da propriedade portuguesa Pêra Manca, no Alentejo. O vinho português não teria sido apreciado por indígenas nativos que estavam acostumados a degustar o Cauim, um fermentado obtido da mandioca, provavelmente porque com o tempo da viagem não estava apto para o consumo.

Mas desde então, o recém descoberto Brasil produziria um vinho simples, sem grande qualidade, em vinícolas dos estados do Sudeste e Nordeste. As primeiras vinícolas brasileiras foram comandadas por nomes conhecidos de nossa história, como Brás Cubas e Maurício de Nassau, até que, em meados dos séculos XVII foram abandonadas, devido à descoberta de ouro em Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

A primeira corrida do ouro gerou uma grande escassez de alimentos, uma vez que quem os cultivava havia largado tudo em busca da riqueza imediata prometida pelo ouro, contribuindo para elevar o vinho a um ícone de status e nobreza. Nesse período, o preço estimado de uma barrica de 5 litros de vinho era de 700g de ouro, o que em dias atuais superaria os R$ 50 mil. Ainda assim, até o século XVIII o vinho era uma das principais forças motrizes da economia nos grandes centros, e ajudava a fomentar o crescimento da indústria brasileira.

Embora houvesse a obrigatoriedade na compra de vinhos de Portugal pelo Brasil colônia, a produção local enfraquecia a receita do Império. Tal fato fez com que, em 1795, a rainha D. Maria vetasse a toda a atividade industrial no país, enterrando a nossa jovem indústria vitivinícola. Apenas no Brasil República foram restabelecidos os vinhedos e a produção da bebida de forma expressiva.

A chegada dos imigrantes europeus no Sul do país, no final do século XIX, deu uma nova cara ao setor. Cerca de 90 mil imigrantes italianos chegaram à Serra Gaúcha entre 1875 e 1914 e se fixaram em cidades como Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, onde cultivavam seus vinhedos aos moldes de sua terra natal. O resultado foi um vinho de excelente qualidade e pequenos negócios familiares tornaram-se vinícolas de grande porte.

A busca por preços mais competitivos levou tais produtores a fundarem suas primeiras cooperativas, que em 1912 formaram a primeira Federação de Cooperativas do país. Na década de 20 a profissionalização chega aos produtores da Serra Gaúcha, com a contratação de profissionais da Itália, especializados no mercado vitivinicultor, pela Escola de Engenharia de Porto Alegre.

Assim, por um longo período, os vinhos gaúchos lideraram o mercado brasileiro, levando inclusive a falsificações, o que motivou a criação do primeiro órgão regulador de qualidade, o Sindicato Vinícola do Rio Grande do Sul (1927, Porto Alegre), que visava assegurar a autenticidade de cada rótulo.

Em 1929, José de Moraes Velhino e um grupo de amigos fundaram a Sociedade Vinícola Riograndense, que lançou a marca Granja União e fez história no Brasil. O resultado positivo da Sociedade estimulou outros produtores e, no início dos anos 30, surgiram na Serra Gaúcha mais de 25 cooperativas, muitas delas ainda em atividade.

Nos anos 50 a coleção de vinhos varietais da Granja União, reinava no mercado, e “ensinou” o brasileiro a pedir vinhos pelo nome de suas castas: Cabernet, Merlot, Riesling, Bonarda, entre outras. No segmento popular, o Sangue de Boi da Cooperativa Vinícola Aurora se consolidou e abasteceu os lares brasileiros com alguns milhões de garrafões de 5 litros.

Da década de 30 à de 60, o estudo e a experimentação dentro do setor inspiraram a atenção do país inteiro. Novas variedades de uvas, modernização de técnicas e o estudo de diferentes composições de vinhos levaram, poucos anos depois, ao surgimento de outros polos produtores.

No início da década de 70, a indústria vinícola nacional dá o seu segundo grande salto, apostando no marketing como um aliado, investiram na elaboração de rótulos e marcas com nomes franceses e alemães como Château Duvalier, Château D'Argent, Saint Honore, Jolimont, Château Lacave, St. Germain, Conde Foucauld, Forestier, Gran Bersac, Loreley e Kiedrich.

Nos anos 80, foram criadas as primeiras confrarias e encontros de degustação. Tais entusiastas do vinho, veteranos ou recém-chegados, incentivaram a busca pelo conhecimento e pelo desenvolvimento da qualidade do vinho nacional.

Nos anos 90, com a estabilidade econômica e a facilidade de importação, vinhos do mundo inteiro invadiram as prateleiras das grandes redes de supermercados, prejudicando o destaque que os vinhos nacionais já haviam obtido, mas as grandes regiões vinícolas do Brasil jamais pararam de progredir.

Produção de vinho ganha novos territórios Ainda hoje a região da Serra Gaúcha concentra os maiores produtores de vinho no Brasil. Muitas famílias descendentes dos primeiros imigrantes italianos se profissionalizaram, criando novas empresas ou solidificando as já existentes com um alto nível de sofisticação técnica e muito conhecimento empresarial. Nesse contexto surgiram marcas como Miolo, Pizzato, Lovara, Dal Pizzol, Dom Cândido, Valduga, Lidio Carraro, Dom Giovanni, Marson, Valmarino e tantos outros que, junto dos mais antigos como Aurora, Salton, Garibaldi e La Cave, redesenham todo o cenário vinícola nacional.

Essa geração de vinicultores apostou na inovação e na exploração de vinícolas em outros territórios como o Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil. Hoje o Vale já é reconhecido como produtor de vinhos promissores, com vinícolas instaladas nos municípios pernambucanos de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, e em Casa Nova, na Bahia. A produção também se expandiu para a Serra Catarinense e na região da Campanha Gaúcha, no extremo sul do Brasil, na fronteira com o Uruguai.

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